O Eugénio de Andrade nunca foi dos meus poetas preferidos. Lamento ter que o dizer, mas é verdade. Se disser que conhecia três poemas dele acho que já estou a exagerar. Sinto ainda mais vergonha em dizer que só depois do seu desaparecimento me dei ao trabalho de pesquisar a sua biografia, ler e reler algumas partes da sua obra. Nessa pesquisa encontrei um ponto em comum comigo. Uma forte admiração por Fernando Pessoa. Entusiasmei-me. Continuei a estudar o poeta. Notei nos seus versos uma simplicidade invulgar. Admirável. O Eugénio de Andrade construía versos com palavras simples, quotidianas, humildes. Palavras simples que no seu conjunto formam poemas encantadores. Em sua homenagem, deixo aqui um desses poemas:
Na orla do mar,Na orla do mar, no rumor do vento, onde esteve a linha pura do teu rosto ou só pensamento- e mora, secreto, intenso, solar, todo o meu desejo - aí vou colher a rosa e a palma. Onde a pedra é flor, onde o corpo é alma.Eugénio de Andrade.